Mauro Cid apresenta '10ª versão' e muda relato 'a cada dia', diz advogado de Garnier
Demóstenes Torres afirma que, do ponto de vista jurídico, não há como condenar o cliente dele
O ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, não pode ser condenado do ponto de vista jurídico, segundo o advogado dele, o ex-senador e promotor Demóstenes Torres. A defesa aponta que as acusações contra o militar não se sustentam legalmente e afirma apostar em um julgamento técnico e imparcial.
"Juridicamente, Almir Garnier não tem como ser condenado”, disse Torres em entrevista ao O POVO News.
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As acusações contra o ex-comandante surgiram após delação do ex-ajudante de ordens do governo Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid, que foi interrogado ao lado de outros sete réus no inquérito que apura uma tentativa de golpe de Estado.
Em entrevista ao O POVO News, Demóstenes afirmou que Mauro Cid apresentou diferentes versões para os fatos e, por isso, a fala do o ex-ajudante de ordens não seria credível.
"Mauro Cid apresenta a décima versão. Isso em qualquer outro processo, essa delação já teria caído. Por muito menos as delações da Lava Jato caíram. Mauro Cid não tem consistência", afirmou o advogado.
Não é a primeira vez que o advogado questiona a credibilidade do tenente-coronel. Na segunda-feira, 9, durante interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF), o advogado questionou a ausência do nome de Garnier nos primeiros depoimentos do ex-ajudante de ordens.
Em resposta aos questionamentos, o ministro do STF, Alexandre de Moraes relembrou trechos dos depoimentos que mencionam Garnier.
Segundo o relato de Mauro Cid, Garnier não apenas apoiava o plano golpista como também teria colocado a tropa à disposição de Bolsonaro, condicionando o apoio à adesão do Exército, pois "não tinha capacidade sozinho".
Ainda na entrevista ao O POVO News, Demóstenes voltou a defender a inocência do almirante. “Meu cliente provou que é inocente. E devia ser o contrário, deveriam provar que ele é culpado, mas ele provou que é inocente.”
O advogado negou que Garnier tenha colocado seus soldados à disposição de Bolsonaro.
Confira a entrevista na íntegra
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A apresentação da GLO
A Garantia da Lei e da Ordem (GLO) é uma medida especial para o controle de crises na segurança pública. Enquanto está em vigor, autoridades militares am a ter poder de Polícia, podendo revistar pessoas, efetuar prisões e realizar patrulhamentos.
Em depoimento, o almirante Garnier confirmou que houve uma apresentação, por meio de telão, de cenários possíveis para decretar GLO e de outras propostas, feita por Jair Bolsonaro (PL).
Questionado se a simples participação na reunião poderia ser interpretada como prova de envolvimento em plano golpista, Demóstenes rebateu: “O GLO é uma medida constitucional. Como alguém pode dar um golpe exercendo a Constituição?”
O advogado acrescentou: “Talvez fosse necessário usar a GLO para pacificar o país naquele momento”.
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Atualizações
Na continuidade dos depoimentos, na terça-feira ada, 10, o ex-presidente Jair Bolsonaro compareceu ao STF para depor. Negou ter planejado qualquer tentativa de golpe, pediu desculpas a Alexandre de Moraes e, inclusive, brincou com o ministro:
“Gostaria de convidá-lo a ser meu vice em 2026”, disse Bolsonaro, entre risos dos presentes.
A resposta de Moraes foi categórica: “Eu declino.”
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