Interrogatório de Bolsonaro divide deputados cearenses: de "confissão" a "inocência"

Interrogatório de Bolsonaro divide deputados cearenses: de "confissão" a "inocência"

De Bolsonaro em situação de risco à convicção de inocência do ex-presidente, o que se ouviu na Assembleia foram opiniões das mais diversas

Assunto mais falado da política nacional nos últimos dias, o interrogatório do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF), conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes na última terça-feira, 10, repercutiu entre os deputados estaduais cearenses.

Nos corredores da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), parlamentares trocavam opiniões, versões e suposições a respeito da suposta trama golpista que tentou impedir que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), assumisse o cargo.

É + que streaming. É arte, cultura e história.

+ filmes, séries e documentários

+ reportagens interativas

+ colunistas exclusivos

Indícios contra Bolsonaro

Para o deputado Heitor Férrer (União Brasil), a alternância de poder é condição fundamental para a democracia. "Mas a alternância do poder através do voto. Não se pode imaginar que no Brasil, com uma redemocratização em 1985, nós tenhamos ainda um presidente que não a faixa para o eleito", disse, lembrando que Bolsonaro viajou para os Estados Unidos e não ou a faixa presidencial para Lula.

O parlamentar elogiou a condução do processo judicial. Para ele, no entanto, a situação não parece boa para o ex-presidente.

"Todos os indícios mostram que as tratativas todas eram para não entregar o poder ao presidente eleito. Está tudo muito claro. 'Ah, mas não tinham armas'. Foram ao Congresso sem armas, destruíram o Supremo Tribunal na mão. O golpe se dá através de uma desestabilização do país, onde se obriga a fazer uma tal de GLO, que é a Garantia da Lei da Ordem com o Exército Brasileiro, onde o país fica ingovernável", explicou ao O POVO.

Quer receber as últimas notícias de Política pelo WhatsApp? Entre no canal Política do O POVO

"Presidente fez confissões"

Para o deputado Guilherme Sampaio (PT), o julgamento em andamento é "o mais crucial na história da Justiça brasileira". Ele acredita que o processo estabelecerá um precedente para punir futuros atentados contra a democracia, elogiando a condução do Judiciário.

Para ele, porém, os interrogatórios mostram que a denúncia original do Ministério Público Federal (MPF) está se comprovando como verdadeira.

"Toda a trama que nós vimos denunciada pelo Ministério Público Federal está comprovada nessas falas públicas de pessoas que estavam no centro do poder, ao lado do presidente Bolsonaro. O próprio presidente fez confissões que o incriminam pelo crime de tentativa de golpe de estado", afirmou.

Para o líder do governo Elmano (PT), há muitas contradições nos depoimentos dos réus. "São nítidas as contradições nos depoimentos entre as pessoas que compunham aquele núcleo. Ficou mais uma vez comprovada a tentativa de golpe, como na fala do ex-ajudante de ordem do presidente da República (Mauro Cid), que só não se consumou (golpe) no país porque o Exército e a Aeronáutica não aderiram", disse.

E seguiu: "Além da fala do presidente Bolsonaro sobre a minuta do golpe, que ele próprio disse há algum tempo que sequer conhecia. Portanto, eu acho que cada vez mais o cerco se fecha e a Justiça se fará brevemente com a condenação desse núcleo central que foi responsável por toda a ação", concluiu.

Convicção da inocência

Presidente do PL no Ceará, o deputado Carmelo Neto defendeu a inocência de Bolsonaro e elogiou a convicção política do ex-presidente.

"Eu fiz questão de assistir todo o depoimento. Presidente Bolsonaro ou muita franqueza, transparência, verdade. Eu acho que se você não for nem de um lado, nem do outro e você assistir, você consegue perceber a franqueza com que o presidente Bolsonaro esclarece e fala de todos os fatos. Você percebe também a convicção na inocência e a convicção de que ele será candidato e voltará a governar o Brasil", refletiu.

O parlamentar lembrou brincadeira de Bolsonaro para o ministro Alexandre de Moraes. O ex-presidente "convidou" Moraes para ser vice em 2026. "Claro que é uma brincadeira, mas mostra a tranquilidade, a convicção. O presidente está ali muito à vontade. Eu até percebi um certo constrangimento do ministro Alexandre de Moraes e um conforto absoluto do presidente Bolsonaro", avaliou, afirmando que não acredita em condenação por tentativa de golpe.

"Vejo é que falta subsídio. Não têm peças probatórias, a tal da minuta não tem cabeçalho, não tem , um papel com bloco de anotação. Você tem também supostas reuniões e aí uma pessoa fala uma versão, outra pessoa fala outra. Então, não tem prova, não tem subsídio. O que houve no 8 de janeiro foi um quebra-quebra, foi vandalismo, não houve nem de longe uma tentativa de golpe", disse.

"Eu realmente acredito que esse processo aí, para ser justo, não vai desencadear em condenação por golpe de Estado, por tentativa de abolição do Estado democrático, muito menos uma atuação do presidente Bolsonaro, que no dia 8 nem sequer estava no Brasil", concluiu ao O POVO.

Importância das provas testemunhais

Com uma análise mais técnica, Sérgio Aguiar (PSB) exaltou a importância das provas testemunhais e dos depoimentos dos réus. Ele enfatiza que esses elementos são cruciais para o julgamento da Suprema Corte, complementando evidências já existentes, como escutas telefônicas e documentos.

"O que ocorreu nessas últimas oitivas é que aquilo que foi confabulado no Palácio não foi aquilo que foi confirmado pelos agentes que estavam ali a falar aquilo no final do ano de 2022. Então, por isso, a gente imagina que os julgadores vão estar com o enriquecimento que têm dessas provas para poderem fazer o seu pronunciamento e punir a quem mereça ser punido", explicou.


Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

Os cookies nos ajudam a istrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar