Nova espécie de cacto cearense já corre risco de extinção
Descoberta por pesquisadores do IFCE, a Tacinga mirim já é ameaçada pela agricultura e desmatamento
A nova espécie de cacto Tacinga mirim foi descoberta em expedição botânica no município de Santa Quitéria e é encontrada exclusivamente no Ceará. A pesquisa, desenvolvida pelo Instituto Federal do Ceará (IFCE), alerta que, apesar da descoberta recente, a espécie já corre risco de extinção.
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A espécie faz parte da família das cactáceas e se assemelha a um cacto comumente encontrado no sertão nordestino, a palmatória (Tacinga palmadora). Porém, a nova espécie é menor, com até 50 cm e possui flores alaranjadas abertas, além de conter menor quantidade de espinhos em suas palmas.
A Tacinga mirim foi nomeada em homenagem aos povos originários, em tupi moderno (nheengatu), o “mirim” que significa pequeno, fazendo alusão à dimensão reduzida em comparação com a palmatória.
O professor do IFCE e biólogo integrante da expedição, Marcelo Oliveira Teles de Menezes, explica que as cactáceas são plantas suculentas que acumulam água em seus caules e explica: “Durante a estação chuvosa, armazenam água nesses tecidos internos e, na estação seca, conseguem florir e frutificar, oferecendo recursos fundamentais para a rede alimentar do ecossistema”.
A comparação de DNA para confirmar a descoberta da nova espécie foi feita pela pesquisadora e coautora da publicação, Lânia Ferreira, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). E confirma que as características são únicas da espécie cearense, como altura, tamanho do caule, quantidade dos espinhos, cor e a quantidade das flores e frutos.
Ameaça de extinção em meio à descoberta
Apesar da recente descoberta, a Tacinga mirim já atende vários critérios da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN), responsável pela maior catalogação de espécies para conservação do mundo.
Segundo a pesquisa, o cacto foi identificado em poucas localidades do interior cearense, o que confirma o declínio de seu habitat. Os municípios mapeados correspondem a uma área de menos de 36 km² e, de acordo com pesquisas do Projeto MapBiomas, o desmatamento nessas regiões aumentou de 4 a 16% entre 1985 e 2022.
Para o professor Marcos Teles, isso deve-se à intensidade de atividades agrícolas e pecuárias das localidades mapeadas, que possuem diversas áreas de desertificação e desmatamento. Em Santa Quitéria, o problema se acentua devido à ameaça constante do empreendimento de mineração de urânio, que põe em risco esta e outras espécies naturais do sertão cearense.